Como se tornar um Radioamador
Nos dias de hoje, com celular e outros bichos, vale a pena ser rádioamador ????



Quando comecei com o offroad, rapidamente percebi o valor da comunicação entre o grupo... a cada enrosco, a cada atalho, a cada caminho desbravado, a comunicação demonstrava sua importância e muitas vezes, absoluta necessidade. 

Como todo mundo, comecei com o PX, técnicamente conhecido como 11 metros, e para isto vc precisa apenas comprar o equipamento certo, no meu caso um Cobra 19 DXIII e registrar-se na Anatel. O alcance é limitado, o que muitas vezes é conveniente pois afasta intrusos e chatos de plantão, permitindo assim que vc possa viajar ou fazer uma trilha e ir batento um papo como se estivesse no sofá da sua sala.

Mas como sempre, as nossas necessidades vão se expandido... e ao iniciar-me nas aventuras offroad de longa distância, percebi rapidamente que nos locais distantes, a comunicação com o PX tornava-se um problema. Mesmo em casos de resgate na trilha, o pequeno alcance deste tipo de comunicação causava sempre alguns transtornos. Foi então que ouvi falar do PY.

Mas o que é PY ? 

Bom, é necessário corrigir alguns termos e aprender outros. Vamos tentar didaticamete :

PX : Prefixo da licença concedida a operadores da "Faixa do Cidadão"

Faixa do Cidadão : Intervalo de frequência de 26,9 a 27,6 Mhz, também denominada 11 metros (300.000 dividido pela frequência)

PY : Prefixo da licença concedida a Radioamadores classe A ou B

Radioamador : Operador licenciado pela Anatel para utilizar diversas faixas de frequência. As faixas de frequência são atribuidas conforme a classe do Radioamador, sendo que para cada classe é feito um exame de avaliação com conhecimentos específicos.

VHF : Very High Frequency, utilizada geralmente para identificar a faixa de frequencia de 144 a 148Mhz, também denominada 2 metros. Esta é a faixa de entrada do Radioamador, pois a primeira fase de exames irá fornecer qualificação e licença para operar nos 2 metros, além das faixas de 6 metros, 1,3 metros e 0,7 metros, esta última conhecida como UHF.

Portanto, o que normalmente chamados de PY nada mais é do que o prefixo de um Radioamador licenciado pela Anatel, que após prestar vários exames e testes como o uso de código morse, foi habilitado para operar em todas as faixas de frequência reservadas para a comunicação de rádio.

O primeiro estágio de rádioamador é tirar sua licença para operar em VHF e UHF. Esta licença vai receber o prefixo de ZZ e vai poder acessar a faixa dos 2 metros, onde se encontram várias repetidoras.

Repetidora : Equipamento mantido por radioamadores, de forma totalmente filantrópica, que permite a duas estações se comunicarem atráves dela, aumentando assim a distância de alcance na comunicação.

Em um mudo digitalizado e informatizado como o nosso, faz sentido ser radioamador ? Na minha opinião sim...

O Radioamador não é um técnico em comunicação, ele é um RADIO COMUNICADOR ! E para ser um comunicador, ele precisa se comunicar, ou seja, falar de forma proveitosa para ele e para os outros ! O rádio é apenas o equipamento técnico, ou seja, o meio e não o fim.

Vc deve imaginar ou até ter presenciado o caos decorrente de alguns recentes eventos da história da humanidade : Os grandes incêndios nos EUA, a pane elétrica geral no Brasil e recentemente em New York, as enchentes de alguns anos atrás no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os terremotos, tufões, ou panes localizadas no sistema de telecomunicações... como vc acha que a sociedade civil se organizou nestes casos ???? Com apoio de rádioamadores...

Veja este video e reflita sobre o assunto : http://www.arrl.org/ARToday/ 

Veja abaixo alguns links interessantes sobre o assunto :

Para os pretendentes de aventuras como a da foto abaixo, onde dificilmente vc terá acesso a celular ou qualquer outro meio de comunicação, recomendo fortemente pensar em se tornar um radioamador...


Clique na figura acima para visitar o site
IHANA, desses malucos expedicionários...

Porém, mesmo para aqueles que não pretendem se aventurar em lugares distantes, o radioamadorismo é uma ferramenta de grande utilidade. Imagine vc combinar um trilha com seus amigos, espalhados pela cidade. Logo cedo, todos atracam na repetidora local e ao sair de casa, já vão trocando idéias sobre a trilha, os preparativos, os atrasadinhos, a comida que alguém esqueceu de comprar, etc... no meio da trilha, bem no meio do mato onde os morros não deixam o celular funcionar, vcs percebem que as coisas estão feias (ou boas ! depende do jipeiro) e vão levar a noite inteira pra sair de lá... então vc aciona novamente o rádio pela repetidora mais próxima (geralmente elas cobrem estas regiões), e pede auxilio a outro colega radioamador para ligar (a cobrar lógico) para sua casa e avisar que vc vai se atrasar um pouquinho... interessante não ??

Não deixei entretanto o PX de lado, e continuo com meu valente Cobra 19DXIII ao lado do excelente TM261 da Kenwood, comprado na Radiohaus com nota fiscal e 100% dentro das normas de operação da Anatel.

Tome muito cuidado ao comprar rádios VHF de segunda mão, principalmente para uso móvel. Verifique se ele está operando apenas na faixa de frequência determinada pela Anatel, que vai de 144Mhz a 148Mhz, pois rádios que operam fora desta faixa são ilegais e podem acarretar sérios problemas se vc for pego com ele numa blitz policial por exemplo. Também observe que a potência máxima permitida para a Classe D é de 50Watts.

Forte 73
Anderson Cunha
ZZ2TBX