Guincho mecânico Ensimec
Instalação do guincho na fábrica da Ensimec, em Blumenau - SC


Para mim não foi um escolha fácil : guincho elétrico ou mecânico ?

Como utilizo um guincho elétrico em nosso "Vitara de trilha", um Work 12.000 que até agora só nos deu alegria, pensei inicialmente em utilizar também no Defender Komodo. O guincho elétrico me convenceu pela sua facilidade de uso, sua rapidez no resgate, o que foi comprovado pelas inúmeras trilhas que já fizemos com o Vitara.

Minha opção neste caso seria o HiPull 9.000 e parachoque da Safari (veja o modelo da Land azul), com uma segunda bateria e dispositivo de "split" para carregar 2 baterias e poder chavear entre elas.

Quando fizemos a trilha da Bocaina, pude comprovar o desempenho dos guinchos mecânicos durante a trilha, e confesso não fiquei muito empolgado. O simples desenrolar do cabo se tornava uma operação lenta e demorada, pois o carretel mais parrudo e a transmissão mecanica prendem o cabo de aço, e após algumas horas de trilha com os braços já vencidos pelo cansaço, o resgate é lento e penoso. Também observei que a velocidade de enrolamento do cabo de aço é bem menor quando comparado com o guincho elétrico bem instalado e bem alimentado de corrente.

Massss... porque eu teria mudado de idéia ? Tudo começou com a viagem que fiz para o Rio Grande do Sul, acompanhado do Jose Hajj e sua Toyota Bandeirante equipada com guincho mecânico Ensimec. Durante a viagem, fizemos uma trilha proximo a Cambará onde utilizamos o guincho mecanico mais de uma vez, e também utilizamos durante um passeio em Urubici, e observei que fora do ambiente tenso e confuso de uma trilha pesada, o guincho mecânico até que não era tão dificil assim de operar. Conclusão esta que foi amplificada pelo bom entrosamento entre eu e o Jose durante as operações de resgate com o guincho.

Semanas depois, durante o passeio com o pessoal da LROA em Ilha Bela, ficamos um tempo curtindo a praia de Castelhanos, e ao iniciar o retorno para o centro da ilha, notei que o Komodo estava sem carga na bateria. Em questão de um par de horas, toda a carga da bateria foi drenada por algum curto elétrico no sistema, provavelmente causado pelo alarme eletronico. Com a ajuda de um colega, ligamos o Komodo e consegui chegar ao centro da ilha, mesmo com a permanencia do curto elétrico, pois a bateria não carregava e nenhum dispositivo elétrico do carro funcionava a contento por falta absoluta de corrente elétrica.

Depois destes dois eventos, fiquei matutando sobre minhas futuras pretensões com o Defender, e me imaginando perdido por vários dias na Amazônia, com uma pane elétrica e sem bateria, atolado e olhando para meu guincho elétrico inerte... uma atraente cotação de preço junto à Ensimec foi a gota d´agua para optar pelo HPR45, que por precaução seria instalado na própria fábrica da Ensimec em Blumenau.

Se vc têm duvidas sobre a opção entre guincho mecânico x elétrico, veja o quadro no final desta página...


Clique na figura para ir ao site da Ensimec

Os preparativos para a instalação começam na oficina da fábrica, onde o Komodo foi levantado no elevador...

A instalação do guincho mecânico Ensimec no Defender 110 é relativamente simples, pois não há alterações na rota do escapamento (na Def90 é necessário mexer no abafador) e não há furos de chassis ou qualquer outra alteração na mecânica do veiculo. É literalmente  plug & play !

A PTO é instalada atrás do câmbio, removendo-se a tampa original, e sua posição dificulta um pouco a troca de óleo da caixa de transferência.

A função da PTO é acoplar o eixo piloto do câmbio ao cardã que aciona o guincho lá na frente. Desta forma, utiliza-se o cambio em ré para desenrolar o cabo de aço, e as marchas 1a, 2a, 3a e 4a para enrolar o cabo em diferentes velocidades, e efetuar o resgate.

No caso do Defender, pode-se utilizar a caixa de transferência em Neutro, quando apenas o guincho é tracionado e as rodas ficam imóveis, ou então utilizar a transferência em "Hi" ou "Lo" ou seja, normal ou reduzida, para tracionar o veiculo e ajudar o guincho.

Como parece um pouco confuso, vou tentar fazer uma tabelinha de uso...
Cambio Transferência Guincho (PTO) Resultado
1a marcha até 4a marcha Neutro Ligado Traciona o cabo de aço do guincho mas não movimenta as rodas
1a marcha até 4a marcha Reduzida Ligado Traciona o cabo de aço do guincho e ao mesmo tempo traciona também as rodas

Mencionei até 4a marcha por um questão pratica, mas mecanicamente a 5a marcha também traciona a PTO normalmente...

A transmissão entre a PTO e o carretel do guincho é feita por 3 pequenos cardãs, onde o primeiro e o ultimo é fixado em um mancal roletado e vedado com anéis. As cruzetas e os cardãs têm pontos de engraxamento, que devem ser verificados periodicamente.

A PTO é lubrificada com óleo SAE-W90 e normalmente não requer manutenção ou troca. Veja na parte superior da PTO o sistema de acionamento (engate/desengate) da PTO, que é feito por um cabo de aço que aciona uma alavanca e empurra o pino de engate... na minha opinião, é bom revisar periodicamente este local, efetuando a limpeza sempre que necessário, pois um acumulo de lama, galhos, e detritos aqui pode comprometer a ação de engate e desengate.

Juntamente com o gunicho mecânico, optei por instalar também o conjunto parachoque e quebramato. A grande vantagem do conjunto Ensimec é o fato de ser feito totalmente com soldas, sem parafusos, e a fixação no Defender é feita pelas longarinas, com um encaixe envolvente em toda a longarina e fixação por cima e por baixo com parafusos originais... ao contrário de muitos conjuntos de parachoque (incluindo o original) e quebra-mato disponiveis no mercado, este aqui não é só enfeite não !

O acabamento do conjunto é feito em preto fosco, e pintura eletrostática. Parece dificil riscar e enferrujar he he... O angulo de ataque é bem preservado e a perda é mínima, mas considerando que agora é possivel bater no barranco sem amassar o parachoque, acredito que seja nula a perda de angulo do novo parachoque.

Eu particularmente não gostei dos pontos de fixação de ancoragem originais, muito baixos. Normalmente quando estamos na trilha e precisamos de resgate com guincho, a frente do carro está atolada em algum lugar, e provavelmente a parte baixa do parachoque estará enterrada no barranco ou encoberta pela lama, tornando impossivel acessar uma manilha ali fixada. Escolhi portanto colocar um ponto de ancoragem na parte frontal do parachoque...

Outro pequeno ajuste é na parte frontal, pois utilizo o protetor de amortecedor de direção e não gostaria de remove-lo. A adaptação foi feita com um corte na chapa do protetor, permitindo assim a passagem do cardã de acionamento do guincho. Dessa forma, o protetor também ajuda a proteger o próprio cardã do guincho... muito bom !

Como retoque final, pedi ao atencioso pessoal da Ensimec para colocar uma chapa protetora para a PTO, evitando assim que o entulho encontrado na trilha possa danifica-la. A chapa foi cortada e para fixação, foi necessário bolar um suporte com rosca no chassis...

Mas que conhece faz ao vivo ! Em poucos minutos o Arlindo corta a chapa e faz os suportes, e utiliza solda MIG para efetuar a fixação dos suportes no chassis e finalmente fixar o protetor usando parafusos bem parrudos ! Show de bola !

O resultado final é um conjunto harmonioso na frente, muita robustez para encarar barrancos de frente, e um senhor equipamento para resgate ! Em breve também vou atulizar esta página com fotos do equipamento em uso. Aguardem !

Depois da instalação, observei que a frente do Defender abaixou pelo menos 1 polegada, e que o comportamento do carro mudou muito, se tornando menos complacente aos grandes buracos e alcançando o fim de curso da suspensão com mais facilidade. O problema foi resolvido por completo após trocar as molas dianteiras pelas molas da Defender 130, também conhecidas como Molas Heavy-Duty. Ficou perfeito !!!!

Fica aqui meus agradecimentos especiais ao Arlindo, que comandou toda a instalação, e também ao Maicom, que além de sua importante colaboração na instalação, também fez a parte interna de fixação do comando da PTO... ficow mesmo show de guincho ! he he...

Abraços mecânicos
Anderson Cunha

QUADRO COMPARATIVO

Escolher entre um guincho elétrico ou mecânico, na minha opinião, é escolher entre um pacote e outro. Cada pacote virá com vantagens e desvantagens, e a escolha será portanto pessoal e circunstancial. Veja no quadro abaixo minhas considerações particulares sobre os dois pacotes :
  Elétrico Mecânico
Instalação Em geral, é de fácil instalação, devendo apenas ser verificado o berço e parachoque onde será instalado. No caso do Defender, o parachoque original é muito frágil, e existem bons modelos disponíveis no mercado de parachoque com berço integrado, como por exemplo da Safari.

Outro ponto negligenciado são os cabos elétricos de conexão com a bateria, que na maioria dos guinchos são subdimensionados. Sua substituição por cabos de maior bitola garantem uma melhor corrente elétrica, e portanto um desempenho mais folgado.

A instalação do guincho mecânico no nosso Defender 110 foi tão plug & play quanto seria um elétrico. Bastou tirar a tampa da PTO, fixar os cardãs e a própria PTO, tirar o parachoque original e fixar o novo parachoque com o guincho Ensimec, e pronto ! Em apenas 4 horas eu tinha o guincho funcionando... Como eu pedi algumas perfumarias a mais, demorou 6 horas no final... he he...

No caso do Defender 90 há um problema com a posição do abafador do escapamento, e por isso demora um pouco mais.

Tolerância a falhas Logicamente vai depender da robustez da instalação elétrica. No caso do Defender, são vários os relatos de problemas com a parte elétrica, e considero este um ponto fraco de veiculo.

Portanto, quando penso em guincho elétrico, penso também em bateria dupla, com dispositivo de split para carga simultânea e chave seletora de boa qualidade (por ex, maritima) permitindo assim ter um backup de bateria sempre à disposição, e aumentando assim a tolerância a falhas do conjunto.

O conjunto depende da robustes do motor, cambio e embreagem, o que no caso do Defender são os pontos altos do veiculo, junto com a suspensão. São poucos os relatos de panes de motor e cambio no meio da trilha, especialmente em veiculos com manutenção periódica em dia, e a embreagem...bom, neste caso, depende do piloto ! De qualquer forma, no caso de uma pane no motor, não adiantaria muito ter um guincho elétrico só pra sair do buraco não é mesmo ?

O ponto fraco aqui fica por conta do acionamento da PTO, pois se o operador esquecer a PTO ligada, ou se houver alguma falha no desacoplamento da PTO ao cambio, o guincho irá se auto-destruir, enrolando o gancho até destruir rolete, carretel, ou até mesmo o parachoque caso o cabo esteja enrolado nele. Falta neste caso um disposito que avise a existência de rotação no cardã do guincho, com uma luz de alerta no painel (as luzes de alerta existentes são fixadas no cabo da PTO e não são 100% confiáveis)

Facilidade de uso Temos aqui alguma subjetividade. O guincho elétrico tem um comando externo com fio, o que permite operar o guincho de fora do veiculo. Nunca fiz este tipo de operação, e ao contrário, me acostumei a usar o comando de dentro do carro, com alguém apenas olhando o enrolamento do cabo do lado de fora. Assim eu tenho o controle simultâneo sobre a tração dos pneus e a tração do guincho.

Uma  vantagem indiscutivel neste ponto é o enrolamento do cabo no término do resgate, pois neste caso o carro está parado e vc está enrolando o cabo que sobrou e terminar o procedimento de resgate, o que pode ser feito tranquilamente no caso do elétrico e no caso do mecânico vai precisar de alguém para ajudar

Algumas pessoas comentam que o guincho mecânico precisa de 2 pessoas para operar, porém se vc entrou numa trilha com perspectiva de usar o guincho e está sozinho, acho que seu maior erro não foi na escolha do guincho he he...

Brincadeiras a parte, uma vez que vc pegou o jeito, o guincho mecânico não é mais dificil que o elétrico na operação de resgate, exceto pela finalização ao enrolar o cabo que sobrou. Neste caso, se vc estiver sozinho, pode-se sempre enrolar o cabo que sobrou no parachoque e seguir adiante. Alias, muitas vezes faço isso com o próprio guincho elétrico para poupar a carga da bateria.

Porém, é preciso de adaptar, pois agora vc tem 3 alavancas para trabalhar : acionamento da PTO, acionamento da caixa de transferência e alavanca do cambio, e logicamente o acionamento da embreagem pra te atrapalhar um pouco mais.

Em viagens e expedições Para resgates em geral, é rápido e eficiente, desde que a instalação tenha alguns cuidados para contornar panes elétricas Também não vejo desvantagens, nem na facilidade de uso nem na eficiência.
Em trilhas pesadas Normalmente será mais rápido para usar, enquanto houver carga suficiente de bateria. Em caso de uso contínuo e extremo, tende a aquecer e requer algum periodo de descanso. Um pouco mais burocrático e lento para se usar, perdendo-se alguns minutos a mais em cada operação quando comparado ao elétrico. Porém, como não há motivo para periodos de descanso, ao longo do dia o desempenho é igual.
Uso submerso Apenas alguns modelos suportam o uso submerso, mas é necessáro novamente cuidados para assegurar que a parte elétrica do veiculo vai funcionar submersa (nem sempre!).

Muitas pessoas contam com o fato de poder usar o guincho para tirar o carro de um rio, por exemplo, no caso de motor apagado. É pouco provável que a bateria tenha carga suficente para isso, e caso o rio tenha uma encosta para subir, com certeza a carga não será suficiente. Com 2 baterias, esta chance aumenta consideravelmente.

Mas me diga lá... o que vc está fazendo atolado SOZINHO no meio de um rio ??? Novamente acho que o seu erro não foi a escolha do guincho...

Apesar de contar com retentores e vedação, o uso submerso frequente vai acarretar na contaminação da mecanica interna do guincho, e neste caso deve-se efetuar manutenção periódica, tanto quanto um guincho elétrico teria.

Para travessia de alagados com possivel atolamento, deve-se tomar algumas providencias na preparação do veiculo : snorkel elevado e bem instalado (vedado!), respiros de cambio, caixa de transferencia e diferencial, boa vedação da haste de verificação do óleo e da tampa de oleo do motor. Com estes cuidados, o motor do Defender vai continuar funcionando com certeza até 1,20 metros de profundidade (comprovado na Bocaina he he).

 

No limite da capacidade Irá reduzir a velocidade de tração, avisando que o sistema está no limite. Fica fácil parar e re-avaliar a operação de resgate, cavando onde é necessário para liberar o veiculo para uma remoção com menos esforço por parte do guincho. Pode haver quebra do cabo de aço nesta situação. Não é tão evidente assim quando o sistema está no limite, pois o cabo começa a estralar e ouvem-se ruidos metálicos por toda parte. Pode haver quebra no cabo de aço ou na transmissão do guincho (cruzetas e cardã, porém é pouco provável) quando este limite for ultrapassado.